Aquelino Alves Machado foi presidente da Associação dos Produtores Rurais de Ponte Alta Norte e Região do Gama durante 10 anos. Hoje é diretor de comunicação da Federação das Associações dos Pequenos Produtores Rurais do Distrito Federal e Entorno. Ele explica como ocorre o processo irregular de parcelamento das chácaras. Repórter – Quais os principais focos da sua ação no meio rural do Distrito Federal? Aquelino – Minhas ações estão bastante concentradas na produção agropecuária e na defesa do meio ambiente. Repórter – Os núcleos rurais Ponte Alta Norte e Casa Grande fazem divisa. Poderia nos falar um pouco sobre a relação entre eles? Aquelino – Desde que iniciamos nosso movimento comunitário sempre nos espelhamos no modelo do núcleo rural Casa Grande, especialmente na pessoa do professor Aníbal. Eu testemunhei todas as vitórias alcançadas por Casa Grande, muitas delas concomitantes com as nossas próprias conquistas. Sou testemunha ocular de todo esse trabalho comunitário, desse progresso que hoje é motivo de admiração de toda a sociedade e com reconhecimento até mesmo fora do Brasil. Repórter – Ponte Alta Norte passa por um processo crítico de fracionamento das chácaras. Como a associação encara esse processo? Aquelino – Nós estamos lutando para que se faça uma separação da parte de Ponta Alta Norte onde ainda prevalecem as propriedades com dois hectares ou mais, da outra parte que vem sendo a cada dia tomada pelos parcelamentos irregulares. O que está surgindo ali não pode nem se chamar condomínios, porque condomínio pressupõe uma ocupação regular e ordenada. O que acontece em Ponte Alta Norte é uma ocupação totalmente desordenada, sem nenhum respeito ao meio ambiente e nem à população local. Os produtores estão sendo expulsos pelos grileiros e parceladores, responsáveis pelo crescimento populacional irregular que ocorre até mesmo sobre as reservas hídricas. Repórter – Esses grileiros e parceladores têm nome? Aquelino – Os nomes deles não são revelados. Sempre colocam pessoas à frente. Os cabeças desse movimento irregular não aparecem, embora o governo tenha conhecimento. Mas até o momento não houve nenhuma ação que reprimisse o crescimento dos parcelamentos irregulares na Ponte Alta Norte. Repórter – Você tem idéia do que fazer para reverter essa situação? Aquelino – Nós acompanhamos o trabalho dos órgãos de defesa ambiental, bem como participamos de reuniões e seminários da Comparques e da Secretaria do Meio Ambiente. Estamos dispostos para contribuir com nosso conhecimento acumulado por mais de 20 de convivência na região. Sabemos como agem os grileiros e parceladores. A Administração Regional do Gama conhece essa atividade irregular, porque até faixas são colocadas ao longo das vias anunciando a venda de lotes. O poder público tem a lei a favor para reprimir esse processo, mas o que vigora é a cultura da impunidade e do protecionismo. Repórter – O que você espera do PDOT do Distrito Federal? Aquelino – Depositamos grande esperança no PDOT. Fizemos um trabalho prévio para ser apresentado em audiência pública que visa exatamente traçar a poligonal daquilo que ainda resta de área rural e meio ambiente natural, separando o setor de chácaras de Ponte Alta Norte da parte já tomada pela ocupação irregular. |
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