Para falar com detalhes sobre a segurança comunitária em Casa Grande foi entrevistado o José Leal Miranda, chefe de obras e serviços públicos. Aproveitou-se para falar de outros assuntos mais. Repórter – Poderia se apresentar aos nossos leitores? Zé Leal – Moro em Casa Grande há 11 anos. Trabalho na sub-administração, onde sou chefe de obras e serviços públicos. Participo da comissão comunitária de segurança aqui do núcleo e do conselho de segurança rural do Gama. Participei, por 6 anos, da diretoria da Associação dos Produtores e Moradores do Núcleo Rural Casa Grande (APNRCG). Repórter – Quais as atividades que desenvolve hoje? Zé Leal - Coordeno os vários serviços públicos que envolvem segurança, coleta de lixo, eletrificação, saúde... Trabalho para melhorar as condições de vida da comunidade. Repórter - O que você ressalta como conquista importante para melhorar a vida da comunidade? Zé Leal - Considero importante o fato de termos criado a comissão comunitária de segurança. Na época houve aqui uma onda de assaltos, roubos, furtos, etc. Não havia asfalto e nenhuma viatura da polícia rodava por aqui. Diante disso formamos a comissão que, inicialmente, não deu muito certo. Eu continuei trabalhando junto aos órgãos de segurança a fim de trazermos patrulhamento para cá. Dois anos depois eu, a Ivani, a Lia, o Silvano, o Nonato, a Romilda e outros, formamos uma nova comissão. Trouxemos o secretário de segurança do Distrito Federal para ver de perto nossa situação. Ele argumentou que não tinha viatura disponível. Então formamos um fundo financeiro para comprar uma viatura que atendesse Casa Grande. Mas houve impedimento legal: se comprássemos uma viatura e a doássemos para o governo ela deixaria de ser nossa e não havia como garantir que ela rodaria dentro do núcleo rural. Voltamos à estaca zero. A comissão foi se desfazendo, mas ficamos eu, a Romilda e a Ivani. Repórter – E daí o que fizeram? Zé Leal – Trouxemos o coronel Rather, comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar do Gama, para uma reunião na casa da Ivani. Reclamamos que as viaturas não circulavam aqui. Ele lançou um desafio dizendo que se concertássemos uma viatura dentro de 48 horas ela estaria rodando em Casa Grande. Topamos. Tínhamos o dinheiro que seria usado para comprar uma viatura e usamos parte dele para proceder conforme o coronel havia proposto. Então a viatura começou a rodar e nós nos encarregamos de mantê-la. Foi quando começamos a ter mais tranqüilidade e passamos a conhecer melhor os moradores. Desde a época mantemos contato semanal com o comando do 9º BPM. Eles sugeriram também que comprássemos um aparelho celular para ser mantido dentro da viatura, para o qual os moradores pudessem ligar em caso de necessidade. Em 2001 reivindicamos uma viatura melhor, adequada para rodar em áreas rurais, e fomos atendidos, bem como as demais áreas rurais do Distrito Federal. A parceria vem se mantendo e se renova a cada comandante que assume o 9º BBM. Nessa lista está o coronel Mário Lúcio, o coronel Muller e, atualmente, o coronel Paulo Roberto Hirofume. Agradecemos a eles e a seus subordinados, por proporcionarem esta situação de paz e tranqüilidade em Casa Grande. Repórter – E a coleta do lixo? Zé Leal – Esta é outra responsabilidade minha há 8 anos. Ainda não temos coleta seletiva por falta de treinamento e equipamentos. O lixo ensacado é trazido pelos moradores até o ponto de coleta, onde é recolhido três vezes por semana. Eventualmente ligamos para a Belacap para outros serviços. Poderíamos nos orgulhar mais com a limpeza da nossa área, mas sempre há aqueles que deixam o lixo fora de hora nos pontos de coleta, então vêm os cachorros e cavalos e rasgam os sacos espalhando os dejetos que ali permanecem até que venham os catadores. Mas, comparando com as áreas urbanas e outras áreas rurais, Casa Grande se destaca também pela limpeza. Repórter – Quais são os planos para as futuras obras em Casa Grande? Zé Leal – Nós temos uma meta para 2006 que é a iluminação pública da via principal. Ela tem que ser feita desde a igreja São Francisco até a DF 001. Temos aqui muita gente que estuda e faz faculdade à noite. Tem o pessoal do CAUB I e CAUB II, de Ponte Alta e das nossas chácaras que estudam à noite aqui na escola. Todos correm riscos por causa da escuridão. Por isso a iluminação pública hoje é o sonho da comunidade. Temos várias promessas e acreditamos que uma delas será cumprida. Repórter - Você e seus familiares foram os principais cabos eleitorais de São Francisco de Assis eleito o santo padroeiro de Casa Grande. Como foi a campanha? Zé Leal – No ano eleitoral de 1998 estivemos muito envolvidos nessa campanha. Optei por defender a candidatura de São Francisco porque, quando eu ainda era menino, assisti o filme ‘Irmão sol, irmã lua’, que narra sua história de vida. Esta história nunca me saiu da cabeça. Tenho uma cunhada que, durante uma gravidez, usou um cordão de São Francisco sobre a barriga. Quando surgiu a idéia de se escolher um santo padroeiro para Casa Grande pensei: porque não São Francisco? Juntamos a família e outros devotos. Os eleitores podiam ser também de fora do núcleo rural. Mobilizamos parentes, amigos e conhecidos para votar. Ao conferir a urna São Francisco havia ganhado com larga vantagem. Depois, analisando as características deste santo (humildade, amor aos pobres, aos animais, à natureza...) se constatou que ele tinha tudo a ver com Casa Grande. |
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