À luz do saber


Luzia Maria do Carmo foi a primeira funcionária da Escola Classe Casa Grande. Mora no núcleo rural desde 1985, quando chegou para ser caseira na chácara do professor Aníbal. Mesmo sem saber ler e escrever foi trabalhar na escola onde se alfabetizou.

Repórter – De caseira você se tornou funcionária da escola e, a seguir, adquiriu sua própria chácara. Como se deu essa evolução?

Luzia – Um dia o professor Aníbal me disse: ‘dona Luzia, a senhora é uma mulher muito caprichosa, sabe zelar bem das coisas e é querida das pessoas com as quais convive. Vou lhe arrumar um emprego para cuidar da escola’. Respondi que achava que não daria conta, pois já cuidava da chácara dele e da minha casa. Ele insistiu dizendo que eu aceitasse, porque esse emprego seria para o resto da minha vida, diferente do emprego na sua chácara. A dona Dione me disse que se eu não desse conta ela me ajudaria, por que eu merecia ser muito feliz. No outro dia ele me levou para a fundação educacional e eu fui contratada. Depois o Argemiro, meu esposo, também foi contratado, como vigilante. Com o salário que passamos a receber pudemos adquirir esta chácara e hoje somos muito felizes pelo que agradeço primeiramente a Deus e depois ao seu Aníbal que nos deu muita força.

Repórter – Como é seu trabalho na escola?

Luzia – Para mim a cozinha do colégio é a mesma coisa que a minha casa. Toda vida gostei das crianças. Quando me perguntavam: ‘Luzia, porque esse cuidado todo com as panelas?’ Eu respondia: ‘esse colégio é meu. A primeira chave quem pegou fui eu’. E estou lá até hoje coordenando as cozinheiras. Durante a construção da escola, aos sábados e domingos sempre tinha umas 40 ou 50 pessoas lá trabalhando. Nos outros dias da semana nós era nuns oito companheiros da fundação. Não tinha água encanada então nós ia lá na nascente do Córrego dos Pintos buscar água de balde. Casa Grande é uma casa abençoada, onde todo mundo ajuda a construir.

Repórter – O que você acha que vai acontecer aqui de agora em diante?

Luzia – Eu espero que o futuro de Casa Grande seja muito bom. Quando nós começamos não tinha luz, escola, asfalto, telefone, igreja, salão comunitário, nada. Agora já tem bastante coisa e muita gente importante veio morar aqui: médicos, advogados, empresários... Se Deus quiser vai ter ainda muito mais. Os professores têm se dedicado bastante na educação. Os alunos têm que estudar e se formar. Podem sair daqui com o segundo grau completo e pensar em ser alguém na vida.

 

Comments