![]() Repórter – Poderia nos falar sobre a importância do SICOOB-DF - Credibrasília para as atividades rurais no Distrito Federal? Mazurek – A SICOOB-DF - Credibrasília é uma cooperativa de crédito rural que nasceu há 10 anos, aqui no Distrito Federal, fruto do esforço de 60 pessoas. Hoje temos cerca de mil associados. Trata-se de uma iniciativa de produtores rurais para terem seu próprio instrumento de crédito. Há um arcabouço legal e de normas do Banco Central que regem a nossa atividade. Não deixa de ser uma linha capitalista, mas com traços sociais marcantes. Temos como fundamento a filosofia cooperativista conhecida no mundo inteiro. O nosso projeto existe em várias partes do mundo e as experiências da Holanda, Alemanha, França e Estados Unidos nos inspiraram a fazer aqui o nosso instrumento de crédito. Os produtores cansaram de trabalhar apenas com os bancos tradicionais. Repórter – Que tal a experiência do SICOOB-DF nesses 10 anos? Mazurek – Atualmente temos quatro pontos de atendimento e nos preparamos para abrir outro ponto na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal. Nosso maior resultado é a união dos produtores rurais, a soma de esforços. A pequena poupança de alguns é aplicada na produção de outros, uma espécie de socorro mútuo. Os juros normalmente são menores do que os praticados no mercado financeiro, porque nossos recursos sofrem menos taxações. O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), por exemplo, não nos é cobrado e esse benefício é repassado para o produtor. Gostamos de emprestar dinheiro para os produtores e o fazemos com taxas inferiores. Quando o produtor tem uma sobra de recursos e faz a aplicação conosco, sua rentabilidade é maior que no mercado financeiro, porque nós repassamos a ele os benefícios inerentes à nossa atividade. As sobras, depois de formados os fundos legais previstos no estatuto, são colocadas à disposição da assembléia geral que decide sobre o seu destino. Normalmente elas retornam aos associados, em valor proporcional à movimentação de cada um. Repórter – Que outro diferencial existe entre o SICOOB-DF e os demais bancos? Mazurek – Numa cooperativa de crédito, associados correntistas são os donos. Então eles cuidam daquilo que é seu. No SICOOB o associado é tratado como gente e não como número. Nós sabemos o nome e reconhecemos a fisionomia de cada um. A relação é ‘olho no olho’, com aproximação e calor humano. Repórter – Qual é a relação do SICOOB com Casa Grande? Mazurek – Em Casa Grande temos vários associados, entre eles um grande entusiasta: o professor Aníbal. Estamos atentos ao crescimento deste núcleo rural. Ele é bem organizado e a comunidade é unida. Temos um carinho especial por Casa Grande. Estamos analisando a possibilidade de instalar aqui um posto de atendimento. Mas isto ainda depende de alguns estudos de viabilidade econômica e financeira, para não operarmos no vermelho. Repórter – Quanto ao Plano de Desenvolvimento e Ordenamento Territorial (PDOT) do Distrito Federal qual é o posicionamento SICOOB-DF? Mazurek – Isso é uma preocupação muito grande para nós, que financiamos a produção rural. Temos áreas rurais consolidadas, com produtores conscientes, que devem ser mantidas. Muitas vezes o poder público decide as coisas ao sabor dos seus interesses, sem olhar o interesse comunitário. Tenho uma propriedade no núcleo rural do Pipiripau, em Planaltina, e lá existe uma represa para captação de água da CAESB que serve Planaltina e parte de Sobradinho. Mesmo nesse período de chuvas intensas as águas do Pipiripau estão límpidas. Isso significa que os produtores rurais não estão apenas preservando as matas ciliares dos córregos e nascentes, mas também as estão adensando. Fazem conservação do solo, bacias de retenção, curvas de nível, barreiras, plantio direto, etc. Esperamos que os que conduzem as propostas do PDOT levem em conta o esforço dos produtores rurais em favor da conservação ambiental. Hoje há uma consciência mundial da necessidade de cuidarmos do planeta. Não precisa camisa de força para que o produtor cuide do ecossistema, porque isso é responsabilidade de todos nós brasileiros. |
História de Casa Grande > Economia >