Leite e derivados

Cláudio Roberto Toledo é vice-presidente da associação dos produtores e processadores de leite do Distrito Federal e Entorno - APROLEITE. É proprietário da Laticínios Araguaia, sediada em Casa Grande, empresa que fornece leite para o programa social do GDF.

Repórter – O leite industrializado pela Laticínios Araguaia é distribuído pelo Governo do Distrito Federal para famílias carentes?

Cláudio Toledo – Quando o GDF lançou o programa de distribuição de leite se preocupou muito com a legislação no sentido de amparar legalmente essa doação. Mas esse programa não é simplesmente uma doação. Ele tem uma finalidade social ampla. Contribui com a redução dos índices de desnutrição e repetência escolar. As pediatrias dos hospitais são menos procuradas por subnutrição. A APROLEITE tem convênio com a Secretaria de Solidariedade. Nosso papel é ajudar a gerenciar a qualidade e distribuição do leite. Entendemos que se o governador teve essa vontade de se solidarizar com os menos favorecidos, nós temos que dar nossa contrapartida e oferecer um produto de boa qualidade. Aprovamos, na Câmara Legislativa, a lei da compra do leite. Ela contribui para fomentar nossa pecuária leiteira, que até então deixava a desejar por falta de incentivos e leis que amparassem nossos produtores. O Distrito Federal é um estado novo, sem a experiência de outros estados. Precisamos desse incentivo para permanecer no mercado. O êxodo rural é uma das grandes preocupações dos governantes e a nossa indústria leiteira segura os trabalhadores do setor nas áreas rurais gerando qualidade de vida. Enfim.

Repórter – Como surgiu a Laticínios Araguaia?

Cláudio Toledo – Esta empresa nasceu aqui em Casa Grande, há 12 anos, como Instância Leiteira Araguaia. Meu sócio, o doutor Peterson Sávio Cardoso, foi quem iniciou a produção de leite. Posteriormente me procurou para que criássemos uma empresa de fato e de direito. Funcionamos como Laticínios Araguaia desde o dia 1º de junho de 1999. No início empacotávamos 300 litros de leite por dia e produzíamos pequena quantidade de queijo. Hoje processamos até 50 mil litros por dia. Foi uma grande conquista para o local. Nossos 25 funcionários moram em Casa Grande e no Recanto das Emas. Indiretamente criamos aproximadamente 350 postos de trabalho. Temos fornecedores aqui em Casa Grande, mas captamos leite também em cidades do Entorno, como Ocidental e Lusiânia. Nosso produto é de boa qualidade. Numa pesquisa sobre derivados do leite feita em 2005, encomendada pela Itambé, nossos produtos apareceram em primeiríssimo lugar no DF.

Repórter – Qual a contribuição da Laticínios Araguaia para Casa Grande?

Cláudio Toledo – Mantemos com Casa Grande relação de parcialidade, amizade e até mesmo cultural. Alunos de Casa Grande vêm aqui assistir aulas práticas. As faculdades da Terra, UnB e Católica têm convênio conosco. Oferecemos estágios ministrados por nossos técnicos que são bastante qualificados. Orgulhamo-nos em levar o nome de Casa Grande para todo o Distrito Federal.


Repórter
 – Recentemente houve aqui uma audiência para discutir o Plano de Desenvolvimento e Ordenamento Territorial (PEOT) do Distrito Federal. Como você vê essa questão?

Cláudio Toledo – Alguma coisa deve ser feita. Não é justo estarmos aqui produzindo há mais de 10 anos, termos investido tanto e sermos agora absorvidos pelo urbanismo. Na época da criação de Brasília essa área foi destinada para atividades agropecuárias. Nós acreditamos e investimos. Queremos que nossas chácaras sejam respeitadas e, em hipótese alguma, parceladas. Caso contrário isso aqui se transforma numa invasão que vai nos prejudicar muito. Já sofremos pela proximidade com o Recanto das Emas. Por diversas vezes nos roubaram vacas de alto valor genético, para usarem como alimento. Isso nos preocupa e esperamos que as autoridades tomem alguma medida.

Repórter – O que você espera para o futuro de Casa Grande?

Cláudio Toledo – Acredito que Casa Grande continuará sendo o que é hoje. Brasília é uma cidade hospitaleira, formada por pessoas

provenientes de todas as partes do Brasil. Muitas dessas pessoas são originárias de áreas rurais e buscam espaço, no Distrito Federal, para aplicarem seu conhecimento, desenvolverem sua cultura. Casa Grande deve ser preservada inclusive para esse fim. Você consegue imaginar os benefícios disso para o desenvolvimento do Distrito Federal?

Repórter – Poderia nos contar um pouco da sua história?

Cláudio Toledo – Nasci em minas gerais em 1948. Faz tempo que sou jovem e tenho muita vontade de crescer. Meus filhos se formaram e estão trabalhando comigo. Na minha juventude não tive condições de cursar faculdade, mas fiz supletivo e cursos especializantes. Sou piloto amador. Fui político em Goiás por quase 30 anos. Fui vice-prefeito de Cachoeira Alta. Ocupei diversos cargos que me deram muita experiência. Pode ver aqui os títulos e honrarias que recebi em reconhecimento às minhas atividades. Uma que muito me orgulha é justamente essa recebida pelo trabalho com a PROLEITE e a Secretaria de Solidariedade, no sentido de moldar o programa de distribuição de leite.

Repórter – Mais alguma coisa a dizer?

Cláudio Toledo – Quero deixar registrado que o progresso e as condições de vida que temos em Casa Grande se devem muito ao professor Aníbal. Ele é uma pessoa ímpar e dificilmente será substituído com a mesma grandeza nesse processo que conduziu até aqui.

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