Associação de moradores



Jairo Moreira Pinto é o atual presidente da Associação dos Produtores e Moradores do Núcleo Rural Casa Grande (APNRCG). Juntamente com a equipe eleita pelos associados, é responsável por continuar este movimento comunitário que conquista admiradores e conta com a confiança dos moradores, da mídia e dos governantes do Distrito Federal. A responsabilidade é maior porque Casa Grande serve de exemplo para outros núcleos rurais.

Repórter - Para começar, você poderia se apresentar?


Jairo – Nasci no interior de Patos de Minas/MG, em 1958. Vim para Brasília com16 anos de idade, quando comecei a trabalhar. Casei aos 22, com a Laura Maria Pereira Pinto, com quem tive quatro filhas e já temos netos. Sou comerciante de produtos alimentícios. Compramos nossa chácara em 1998 e, em 2001, viemos morar em Casa Grande. Já desenvolvia trabalho comunitário numa paróquia em Taguatinga, onde moramos 25 anos. Logo que chegamos o seu Aníbal me convidou para participar da associação e eu aceitei. Quando começamos a construção da igreja de São Francisco, eu e a Laura nos tornamos o casal responsável pelas festas por mais de três anos e sempre tivemos o apoio da comunidade. No dia 12 de outubro de 2005 houve eleição e eu assumi a presidência da as

sociação, juntamente com uma equipe bastante responsável.

Repórter - Como está hoje a associação?

Jairo – Não enfrentamos grandes dificuldades em nosso trabalho porque as pessoas que participam são bastante comprometidas com a associação e com a comunidade. Inclusive o professor Aníbal continua conosco, como diretor técnico. O trabalho que ele vinha realizando deixou uma base grande e sólida. Sigo a filosofia de trabalho que ele implantou.

Repórter – Quais as principais linhas de atuação da associação atualmente?

Jairo – Continuamos na luta, corre

ndo atrás de coisas para a comunidade. Nosso principal objetivo hoje é implantar a iluminação pública na via principal. Há várias gestões tentamos isso e, se Deus quiser, este ano conseguiremos. Estamos batalhando também para melhorar a segurança, as quadras de esporte e vários outros setores.

Repórter – Como se comporta a comunidade com relação às iniciativas da associação?

Jairo – Graças ao bom trabalho desenvolvido, a associação goza de grande credibilidade tanto na comunidade quanto junto aos órgãos públicos do Distrito Federal. Mas a participação dos moradores e produtores precisa aumentar ainda mais. Das 764 chácaras que temos aqui em Casa Grande, apenas 134 proprietários contribuem com a associação que, para desenvolver seu trabalho, depende dessas contribuições. A comunidade é unida? É. A comunidade confia na associação? Confia! Mas ainda falta atitude e participação para fortalecer mais a entidade.


Repórter – Como está a relação

 com as outras comunidades rurais do Distrito Federal?

Jairo - Está ótima. Temos 7 conselhos rurais formados pela Emater e pelos presidentes das associações. Esses conselhos visam defender os interesses das áreas rurais do Distrito Federal. Por eles mantemos contato com toda a cmunidade rural. Casa Grande é tomada como exemplo pelas demais associações que querem promover melhorias em suas comunidades. As reuniões são mensais e os contatos freqüentes.


Repórter – Em 2006 a Câmara Distrital define o novo Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) do Distrito Federal, que vai vigorar pelos próximos 12 anos. Como está a participação dos núcleos rurais no PDOT?

Jairo – Em 2004 houve uma audiência pública no centro de convenções Ulysses Guimarães, na qual foi elaborado um documento prévio em que Casa Grande constava como área de expansão urbana. Em abril de 2005 fizemos uma audiência pública com os moradores e a comunidade decidiu que deveríamos permanecer como núcleo rural. Somos contra transformar isto aqui em área urbana.

Repórter – Para afirmar essa posição é necessário tornar o núcleo rural cada vez mais produtivo, o que se consegue com a implantação de agroindústrias. Quais as ações da associação nesse sentido?

Jairo – Essa é uma preocupação constante. Nosso contato com a Emater é muito importante, porque é o órgão que mais apóia a área rural. Mantemos contato direto com o Zé Alves, chefe da Emater no Gama, a fim de intensificar as relações do órgão com os produtores rurais de Casa Grande. Juntamente com os conselhos, estamos desenvolvendo projetos agroindustriais para todas as áreas rurais do Distrito Federal. Além da produção visamos também o turismo, o lazer, a cultura...

Repórter – Como a associação atua na realização dos eventos que integram os moradores e promovem Casa Grande no Distrito Federal e no Brasil?

Jairo – A associação dá suporte aos eventos realizados em Casa Grande. As comissões funcionam muito bem. A diretoria social já definiu o calendário de eventos para 2006. Os eventos são realizados em conjunto com a igreja e a escola, e contam com o apoio da comunidade, dos órgãos públicos e da mídia do Distrito Federal. É nos eventos como a ‘Festa de São Francisco’, a ‘Corrida Rural’ e a ‘Roda de Viola’, que a comunidade e o público que vem de fora percebem a união e a organização que há em Casa Grande. Isso se reverte em credibilidade.

Repórter – Como estão as relações institucionais da associação com os órgãos públicos, empresas e demais organizações?

Jairo – Temos um relacionamento muito grande tanto com os órgãos públicos como com empresas e outras organizações. Cito as empresas Castelo Forte Materiais de Construção, JM, Haras Chico Piva, Laticínios Araguaia e outras que estão próximas da gente e patrocinam nossos eventos. Na última 

Festa de São Francisco tivemos 21 patrocinadores que ajudaram a garantir o excelente resultado. Isto é fruto do bom relacionamento e da credibilidade da associação entre os empresários. Quanto ao governo, acho que ele está em débito conosco, porque a maioria das obras públicas aqui foi realizada pela própria comunidade. Os órgãos nos dão apoio, mas quando se fala em gastos temos dificuldade de conseguir as coisas. Tivemos alguma facilidade na implantação do Centro Integrado de Tecnologia da Informação (CITI) e da sede da sub-administração, mas os recursos para a iluminação pública ainda não foram liberados. Enfim.

Repórter - Como presidente da associação, qual seu ideal para a comunidade de Casa Grande?

Jairo – Não tenho nenhum grande sonho. Vivemos numa área rural e nossa condição de vida é razoável. Pretendo implantar melhorias como a iluminação pública e melhorar o transporte coletivo. Na área de saúde queremos


ampliar o atendimento. Ainda estamos carentes em infra-estrutura para esporte, lazer, etc. Os grandes sonhos já estão se realizando e o momento agora é de lhes dar sustentação. Pretendemos ampliar nossa consciência e atitudes com relação ao meio ambiente, a arte e a cultura, sonhos compartilhados com grande parte da comunidade.
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