José Carlos Silva, proprietário do Criativa Hotel Rural, lançou o projeto e participou diretamente do movimento para implantação do asfalto. Repórter – Você poderia começar se apresentando?Zé Carlos – Cheguei a Casa Grande em 1994. Nasci em São Francisco, Goiás, e vim para Brasília em 1979. Sou publicitário, proprietário de uma agência publicitária, e temos um braço da empresa no ramo da construção civil. Atuamos na área imobiliária como locadores de imóveis próprios. Há três anos entramos no ramo da hotelaria. Repórter – O Criativa Hotel Rural foi construído logo que você comprou esta chácara? Zé Carlos – Não. Quando chegamos era tudo muito precário, não tinha asfalto, mas muita lama e poeira. Ainda não tínhamos idealizado o hotel, mas queríamos melhorar a vida de todos nós, trazendo o asfalto. Como as obras do governo são muito burocráticas preferimos mobilizar a comunidade para fazer por nossa conta. Quando propus quase ninguém acreditou, afinal, implantar asfalto custa uma fortuna, principalmente para uma comunidade rural de baixo poder aquisitivo. Mesmo assim fizemos orçamentos e o que apresentou o melhor foi o Roberto, diretor da Ser Terra. O Roberto nos tratou mais como colaborador do que empreiteiro. Além de fazer o menor preço parcelou o valor nas condições que pudéssemos pagar. Saímos de chácara em chácara para mobilizar os proprietários. Feita parte da arrecadação iniciamos a obra. No primeiro momento o seu Aníbal estava ausente, por problemas de saúde, mas depois voltou e assumiu a liderança do processo.
Repórter – O professor Aníbal reconhece, publicamente, que foi você que o manteve à frente do processo de implantação do asfalto. Como foi isso? Zé Carlos – Quando decidimos implantar o asfalto o professor Aníbal tinha sido recentemente operado e estava convalescente num hospital de Goiânia. Havia também sofrido um revés financeiro que o deixou completamente sem dinheiro para pagar sua cota na implantação do asfalto. Eu sabia que se ele não entrasse no processo a coisa não fluiria. Então me prontifiquei a pagar sua cota, como um modesto reconhecimento a todo o trabalho que ele sempre desenvolveu por nossa comunidade. Nós participamos de uma frente de trabalho específica, num determinado momento, como simples coadjuvantes. Mas a atual situação de Casa Grande se deve mesmo ao professor Aníbal. Repórter – Quais são os atrativos do Criativa Hotel Rural? Zé Carlos – É um hotel feito com muito cuidado. Pensamos em quase tudo. Estamos aqui na recepção toda feita em granito, embora estejamos na área rural. Criamos o conceito de que na área rural é possível ter o mesmo conforto da área urbana. Bons estofamentos, elevador, janelas de vidro que permitem ampla visão. Na parte superior tem um auditório para 200 pessoas e outro para 80 pessoas, todos com poltronas. Na parte debaixo há um terceiro auditório para 170 pessoas. É uma obra moderna, porém, quando você desce pode ver a parte rural: um mini-zoológico com animais silvestres e domésticos, quadras com gramado, piscina aquecida, sauna, etc. Criamos este contraste que tem agradado muito os hospedes. Eles têm todo o conforto no isolamento da natureza.
Repórter – O conceito foi desenvolvido por vocês? Com que finalidade? Zé Carlos – Sim. Eu sou construtor e publicitário. Todas as idéias dos nossos imóveis são concebidas por nós. O Criativa Hotel Rural se destina a convenções de categorias profissionais, treinamento das empresas, retiros religiosos, etc. O hotel é alugado para grupos fechados durante todo
o final de semana. O limite nos apartamentos é para 200 pessoas, mas eventualmente recebemos grupos maiores, cujo excedente ocupa alojamentos coletivos. Normalmente eles provêm aqui mesmo, do Distrito Federal, mas já recebemos grupos de Goiânia, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro... Repórter - O que você prevê para Casa Grande? Zé Carlos – Se os proprietários das chácaras preservarem Casa Grande como comunidade rural, teremos aqui um núcleo rural modelo. Já é modelo para os demais núcleos rurais do Distrito Federal. Temos uma igreja belíssima. Mas é preciso que seja conservado como núcleo rural, porque se as chácaras forem parceladas isso aqui vira mais uma cidade desordenada como tantas outras que temos no Distrito Federal. No futuro, à medida que as áreas rurais forem desaparecendo, isso aqui pode ficar como coisa única, preservada. Nisso é que está o seu diferencial e a comunidade tem que lutar por isso. |
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